*Por Beatriz Farias
Não, não é Aracajú, amigo. Não foi erro de digitação. A banda que gosta de tudo muito grande, conta com dez integrantes e um nome um tanto peculiar. Leia devagar para não colocar um ‘ra’ no meio: Móveis Coloniais de Acaju, lançou em 2013 um dos discos mais bonitos e legais e criativos do mundo. No início desse ano, também lançou o filme “Mobília em Casa”, como mostra a divertida entrevista que fizemos com Esdras Nogueira, saxofonista da banda. Mas uma coisa de cada vez!
“De lá até aqui” é um passeio expressivo pelas idéias. De sensações cotidianas (Ouça ‘Longe é um lugar’ e ‘Melodrama’) a temas mais complexos e subjetivos (Ouça ‘Campo de batalha’ e ‘Beijo Seu’), não há como entendiar-se na viagem. O meu disco favorito da banda dá a impressão de maior maturidade e versatilidade: é possível misturar o humor que se espera, a delícia dos momentos de reflexão ou simplesmente ouvir.
Com produção impecável (eu falo dos instrumentos, letras, encarte, o trabalho completo), aqui está um disco para ser comentado, agradar técnicos e leigos e principalmente ser feliz e pronto. Você já deve ter ouvido falar da banda, mas se não se preocupou o bastante, explore profundamente. E descubra que mergulhar também é conhecer o leve, o que faz sorrir a alma e o corpo todo.
Armazém de Cultura: Vocês poderiam contar um pouco sobre como foi a realização do filme “Mobília em Casa”?
Esdras Nogueira: Esse filme é uma declaração de amor a nossa cidade, onde nascemos e construímos nossa história, que escolhemos para morar. Foi filmado em 10 cidades do DF, tocando ao vivo, com a direção do José Eduardo Belmonte. Ficou melhor que o esperado, toda vez que vejo, me emociono.
AC: A mistura de ritmos e instrumentos apresenta uma sonoridade única e muito própria de vocês. Quais são as principais referências nesse trabalho? Como Móveis Coloniais definiria Móveis Coloniais?
Esdras: O encontro de pessoas diferentes que são a banda, e principalmente no show, tem a maior afinidade. Para o filme uma grande referência foi o heima, do Sigúr Rós.
AC: Como é o processo de composição da banda com tantos integrantes? Tem um compositor fixo ou todo mundo colabora de alguma forma?
Esdras: Todo mundo colabora de alguma forma. Tem quem componha mais, mas todos de alguma forma participam, e no final, é importante que agrade a todos.
AC: O que mais mudou na música de vocês do início da carreira até o “De lá até aqui ”?
Esdras: Não sei exatamente, mas estamos mais abertos a novas experiências, e hoje tem mais gente da banda envolvida na parte de composição do que no primeiro disco que era mais centrado em um ou outro.

Foto: Página da banda
AC: Alguns artistas reclamam da dificuldade de divulgação e alcance fora do eixo Rio-SP, você sente isso? E que artistas fora desse eixo você indicaria para quem gosta do seu trabalho?
Esdras: Somos muito bem recebidos por onde passamos, e temos um público lindo pelo Brasil, mas sempre pode ser melhor, e cada vez mais entrar Brasil adentro com a nossa música, é um trabalho pesado, mas o resultado é gratificante. Conhecemos várias bandas por nossas andanças por aí, Nevilton, Macaco Bong, Eddie, Mombojó, Far from Alaska, Galinha Preta, China..
AC: Assistindo a um show do móveis, a sensação que dá é que vocês ficam perfeitamente a vontade nessa relação palco – público. O show é muito vibrante e o público canta e participa juntos, como é essa situação para vocês?
Esdras: O show é o que mais gostamos de fazer, contato direto com o público sem atravessadores…
Ouça “De lá até aqui”
* Beatriz Farias não é formada, não tem curso superior nem vergonha de escrever em terceira pessoa fingindo que não é ela. Gosta de gostar das coisas e são dessas coisas que ela fala aqui