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#Mauricio80 – Uma carta para o Mauricio e personagens especiais

São


Essa carta começou a ser escrita dentro da minha cabeça há pelo menos quinze anos, quando ainda começava a distinguir as letra dentro do balão. Essa carta começou quando me deparei pela primeira vez com a seção de cartinhas de um gibi da Mônica.Vendo minha mãe escrever longas cartas para as irmãs que moravam no Nordeste, tinha o sonho de ver o milagre da palavra nascendo Mônica2do lápis no papel e rompendo fronteiras pelas mãos do carteiro – meu herói na época. Encontrar cartinhas dentro do gibi era a descoberta de um destinatário. Mas eis aí o meu dilema de seis anos de idade: não queria escrever para a Mônica. Também baixinha, gorducha e dentuça (e com um apreço especial por vestimentas na cor vermelha), não queria ampliar o grau de identificação. Não bastava o temperamento instável e a tendência a arrumar confusão com meninos, não precisava dessa comparação e logo não queria ser amiguinha da Mônica. Talvez seja essa a explicação para que a dona da rua nunca tenha se tornado uma das minhas personagens favoritas, mas tenho uma melhor: metida a menina grande que sou, queria mesmo era bater um papo com o pai da Mônica, o moço daquela assinatura engraçadinha. Eu queria mesmo era mandar uma carta para o criador da turminha para dizer o quanto a criança introvertida  e até então filha única, se achava amiga dele. E agradecer por dividir as historinhas da sua turminha nas páginas do gibi. MagaliCascão

Sei Mauricio, e com absoluta certeza, que todo dia alguém agradece a você por ter colaborado com a alfabetização, então não vou me fixar nesse ponto (embora seja um fato). O meu agradecimento é por ter me alfabetizado nos quadrinhos. Por ter me levado a descobrir onomatopeias e cores, tentar adivinhar o que aconteceria de quadro em quadro, qual seria o novo plano infalível do Cebolinha, como o Cascão escaparia do banho dessa vez e como fazer para comer comer comer e continuar magrinha como a Magali. Por causa da Turma, início de ano letivo era o momento de procurar tirinha no livro didático e junto com a  Mônica, acabar conhecendo novos amigos como a Mafalda, Calvin, Hagar, Menino Maluquinho, Snoopy e mais tarde encontrar Laerte, Angeli, Adão Iturrusgarai e nunca mais parar de descobrir e me apaixonar pela arte sequencial. Sem nunca abandonar minha turminha de origem. 0c784a_2aa13cb8cbf973ac6077d843cc67a35c

Com a adolescência, fui descobrindo a TMJ e me divertindo com o amadurecimento dos personagens, sem deixa de perceber que o mais importante nunca mudava. Foi nessa época que entrei em maior conflito com o meu personagem favorito de toda a vida: por que tão arrogante Cebolinha? por que tão cheio de si e com tanta dificuldade de demonstrar sentimento? e foi ter seis anos novamente, percebendo que aquilo que mais desgostamos nos outros, é justamente o que menos nos agrada ver no próprio espelho. E perdoei o Cebola, assim como comecei a me perdoar.

O fato de estar encostada em um travesseiro com fronha da turma, mostra que a vida adulta não trouxe assim tantas diferenças. Com o tempo veio as GraphicMSP e com elas toda a doçura de ver os teus bebês no traço cuidadoso de outros artistas. Imagino a delícia – e responsabilidade! –  que cada um sentiu quando recebeu o projeto, mas sobre isso só posso imaginar. Afirmar, só posso, que quando li “Laços” pela primeira vez voltei a comprar quadrinho compulsivamente. E todos que vieram na sequência só reforçavam o desejo de escrever essa carta e dividir um pouco dessa gratidão que sei que compartilho com muitos.

Em 2013 tive a chance de dizer tudo (ou pelo menos um pouco) disso face a face. Em uma manhã genial, lançamento do livro “O reizinho 27141_631499470209698_1868134029_ndo castelo perdido” em parceria com o Ziraldo, aguardei paciente na fila para estender meus livros e enunciar minha gratidão. A verdade Mauricio, é que você já bem devia estar cansado de tanto assinar, mas sorriu com tanta simpatia ao autografar meu livro e disse “você já leu muito, né?”, enquanto eu mal conseguia balbuciar uma afirmação. Diante do meu assombramento, você sorriu novamente e fez questão de se levantar para tirar a foto. Pouco importava que eu já tinha bem meus vinte anos naquela época, ou que meus professores ensinassem que jornalista não deve ser tiete, naquele momento – como agora, eu tinha seis anos novamente.

Encerro essa cartinha cheia de gratidão, com meus cumprimentos pelo seu aniversário e de toda uma galerinha que escolheu seus personagens favoritos nesse dia de homenagem. Obrigada pela sua arte, Mauricio. E por toda beleza que tem trazido até nós por todos esses anos. Obrigada.

Da sua amiguinha platônica, Meiri Farias


Qual é o seu personagem favorito?


Untitled design

Durante a última semana, publicamos em nossa página no Facebook um especial com relato sobre personagens favoritos de diversos convidados. Quadrinistas, jornalistas, músicos e mais! Beatriz Farias, nossa colunista – conhecida também como “escrava do Armazém de Cultura”, é a primeira a responder:

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“O meu personagem preferido é o Xaveco (sério, para de rir, é mesmo). Ele não tem um gibi exclusivo nem é citado com grande relevância quando falam da Turminha (a não ser que se trate de personagens secundários), mas é sem duvida a personalidade mais engraçada que encontro nos quadrinhos. Sei que fisicamente todos seguem um padrão, mas encontro uma inocência especial nas expressões e balões do Xaveco – fora que é o melhor cabelo de todos os tempos! Acho que ele tem um negócio de ser o herói dos ‘não representados’. A minha história preferida é dele com o Cebolinha, se trata da ‘Caramela!'”

Confira a galeria com os relatos dos nossos convidados!

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