#Oscar2019

Pantera Negra: a realeza de Wakanda faz o mundo inteiro se dobrar a um personagem de HQ

*Por Thomas Sena

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“Você está me dizendo que o rei de um país de terceiro mundo anda por aí com uma roupa de gato a prova de balas?” – A frase em questão é dita pelo personagem Everett Ross, interpretado por Martin Freeman e um dos poucos atores não negros que compõem o elenco talentosíssimo de Pantera Negra. O tom de deboche da expressão acima resume bem o pensamento das pessoas que são contrárias a indicação de Pantera Negra ao Oscar, na categoria de melhor filme.

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Pantera Negra (2018) conta a história de um príncipe chamado T’Challa (Chadwick Boseman) sucessor direto do Trono de Wakanda, nação localizada no centro da África e que desde seus primórdios se esconde de outras sociedades e que prosperou de forma jamais vista por qualquer outra civilização, tudo por conta de um metal raro que caiu em seu solo chamado de Vibranium e que permeia todo o meio de vida do país. Quando o atual rei de Wakanda, T’Chaka (John Kani) morre, o protagonista do filme assume o legado de seu pai, mas para isso terá que lidar com questões familiares recém descobertas.

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Os filmes relacionados à Histórias em Quadrinhos são a nova mina de ouro da indústria do cinema e Pantera Negra não foge disso, visto o sucesso estrondoso que fez e que ainda faz, se tornando a maior bilheteria de um filme solo de super-heróis (1,344 bilhão de dólares), superando todos os filmes do Batman, Homem-Aranha e o queridinho, Homem de Ferro. Porém Pantera Negra vai além do sucesso comercial e é sem dúvida o filme mais importante desse gênero, pois dialoga com as pessoas para além do puro entretenimento. Basta olharmos as diferentes concepções que o herói e o vilão têm sobre o homem Negro e seu progresso.

Por falar em vilão… que personagem é esse!? Não vemos um antagonista tão icônico assim desde o Coringa de Heath Ledger. Quero deixar claro que as palavras “Herói” e “Vilão” são usadas aqui para uma mera qualificação dos personagens na trama, mas Ryan Clooger (diretor e um dos Rroteirista do filme) deixa evidente que sua história não se baseia em um mero maniqueísmo. Killmonger, interpretado por Michael B. Jordan, é necessário demais para o filme, mais necessário até que o próprio protagonista.

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Seu maior poder não são raios vermelhos, telecinese, ter a habilidade voar ou super força, seu maior poder é seu discurso, e é nos discursos que o duelo de herói e vilão é travado. Enquanto o Pantera Negra precisa manter o legado de Wakanda longe de tudo e todos, Killmonger quer levar todo o avanço tecnológico, que foi negado a ele mesmo quando criança, para ajudar outras pessoas negras espalhadas por todos continentes E não só ajudar, como também criar uma nova era de dominação no mundo, mesmo que para isso seja necessário exterminar pessoas que fiquem em seu caminho. Podemos traçar um leve comparativo relacionados aos discursos dos protagonistas com os posicionamentos políticos de Martin Luther King e Malcolm X durante os ano 60 nos EUA, claro que guardada as devidas proporções.

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Tomar um lado nessa discussão não é fácil e, mais uma vez, esse não é o intuito do diretor e isso fica ainda mais evidente no final quando o vilão, mesmo derrotado, convence o protagonista de sua causa não é tão absurda assim.

O filme possui várias outras camadas que vão além do tom social e político e uma delas é o humor, que fica à cargo de Shuri (Letitia Wright) princesa de Wakanda, irmã mais nova do Pantera Negra e a pessoa mais inteligente do Universo Marvel (Tony Stark está incluso nisso). Detentora das melhores piadas do filme, sempre que aparece, Shuri mostra para o público que essa ainda é uma história leve e descontraída. Outra personagem que rouba a cena é Okoye (Danai Gurira) que tem, de longe, as melhores cenas de ação.

Vale destacar também a ambientação de Wakanda que passa a sensação de um País avançado mais ainda sim com características da cultura africana e que nos faz pensar como esse continente estaria hoje caso não houvessem tantas desgraças trazidas pelo ocidente e pelo homem branco. Outras duas evidências da qualidade desse filme ficam por conta da trilha sonora e figurino que também receberam indicações ao Oscar.

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Pantera Negra não só merece a indicação, como também merece levar o prêmio mais cobiçado, pois possui todos os elementos de um bom filme: um roteiro inteligente, narrativa adequada, personagens excelentes e uma mensagem afiadíssima que ignora qualquer discurso de preconceito e de ódio enfrentado dentro do próprio cinema e fora dele.

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Sou um grande fã de histórias em quadrinhos e de super-heróis , sou negro e esse filme é tão importante para mim em tantos sentidos que não daria para colocar todos eles nesse texto, mas Pantera Negra é sim o melhor filme de 2018, é o filme mais necessário, mais atual e que atinge o maior público possível justamente porque tem o maior palanque para discursar se comparado a todos os seus outros concorrentes à estatueta.

Confira o trailer:

 

 

FICHA TÉCNICA:

Black Panther

Direção: Ryan Coogler

Elenco: Chadwick Boseman, Michael B. Jordan, Lupita Nyong’o etc.

Nacionalidades: EUA

Duração: 2h 15min

COMO ASSISTIR:

Já é possível alugar o filme no NOW

CATEGORIAS INDICADAS NO OSCAR 2019:

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*Thomas Sena

22 anos, estudante de Direito. Apaixonado por rap, historias em quadrinhos, pelo meu time e por filmes blockbusters (me julguem).

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