*Por Talita Guimarães
Faz um tempo o cerco se fecha por dentro, enquanto mil tretas sobre o que cada um faz com o que acredita explodem por baixo das redes virtuais que cochicham sobre a cidade.

Arte: Talita Guimarães
É chegada a hora de respirar o alívio de um ciclo encerrado e sair de circuito.
Foram muitos meses de entrega desmedida e tempo doado ao mundo externo. Da preocupação em estar presente sempre fornecendo uma opção de caminho positivo aos estudos necessários para que todo o programa previsto fizesse sentido para o público adequado. E para mim.
As parceiras e os parceiros existiram e foram fundamentais para que os espaços fossem ocupados com diversidade e penetração pela cidade.
São Luís não é para amadores. E eu me esforcei para não ser.
Para o nosso bem ou nosso mal, esta ilha rebelde traga a si mesma diariamente, triturando em cacos os sonhos e desatinos de sua gente. Talvez por isso, muito do que se semeia por aqui não vingue. Ou precise de constante reformulação.
Não são poucos os obstáculos para quem escolhe agir por conta própria, sem se associar a marca ou dinheiro terceirizado.
Não há apoio para o que não envolve dinheiro, inclusive.
Porque o bem mais valioso em jogo não se quantifica, tampouco cabem resultados imediatos, não há como prestar contas.
Por mais que os números existam e meçam os quilômetros rodados em edições realizadas, espaços ocupados e pessoas envolvidas, tanto o ganho real quanto a energia despendida são imensuráveis.
Encerro este intenso ciclo crente que o crescimento foi exponencialmente maior que o prejuízo.
O que foi posto, está posto.
Onde foi possível ir, fui. E não estive só.
Sou de uma geração que vive no seio da cidade e não quer ficar pelos mesmos lugares, batendo cabeça sobre as mesmas coisas.
Por isso o Literatura Mútua chega ao fim. Ciente de que foi infinitamente mais longe do que planejou. E vai continuar reverberando por onde passou.

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