*Por Beatriz Farias
“Nada mudou no universo”, declara notícia já um tanto ultrapassada que informa a desconsideração do até então conhecido Plutão como parte integrante da nomeação “planeta”. A verdade é que não foi um grande evento, Plutão não explodiu, nem se desintegrou nem brigou com os outros colegas e foi mandado embora. O que de fato aconteceu foi a atualização tecnológica e a redescoberta de uma nova categoria para o ex planeta e novo transnetuniano. Plutão já foi planeta é uma afirmativa, e é também o nome dessa banda que hoje falaremos.
A esse caso, podemos escolher inúmeras palavras que descrevam a soma de enganos e coincidências que levaram a adesão e depois separação, assim como a opção de uma banda para se nomear nada menos do que pelo fato, se quiser chamar de coincidência, engano, aleatoriedades, são múltiplas as expressões, fique a vontade. E que a última palavra feche a porta.
A banda potiguar composta por Natália Noronha, Sapulha Campos, Gustavo Arruda, Vitória de Santi e Khalil Oliveira formada em 2013 apresenta um som que percorre o chamado indie pop e o rock, aliado a inúmeras influências entendidas na música nacional e refletidas no último trabalho do grupo, onde contaram com nomes de peso no cenário atual, como as cantoras Maria Gadu e Liniker. Recentemente o grupo anunciou sua participação no festival Lollapalooza Brasil, e na entrevista a seguir, o guitarrista da banda, Sapulha Campos, comenta o processo de produção do novo disco e muito mais. Confira!
Armazém de Cultura: Vocês devem ouvir essa pergunta com frequência, mas como escolheram o nome da banda?
Sapulha Campos: Eu estava lendo uma matéria sobre Plutão ter deixado de ser planeta e fiquei com esse nome na cabeça. Como já estávamos há um tempão procurando nome, resolvi levar esse pro restante da banda. A gente achou legal e que iria chamar atenção, uma jogada a nosso favor. Depois disso todo mundo começou a curtir muito o nome e ficou.

Foto: Diego Marcel
AC: Recentemente vocês lançaram o disco “A última palavra feche a porta”. Poderiam contar um pouco de como foi o processo de produção e escolha de repertório deste trabalho?
Sapulha: Convidamos o Gustavo Ruiz pra produzir esse segundo disco com a intenção de ter algo mais sólido e melhor trabalhado. Juntamos algumas composições e desenvolvemos no estúdio. Algumas músicas mais antigas foram resgatadas. O processo de gravação durou, entre algumas pausas, mais ou menos um ano. Aconteceu de maneira bem espontânea e acreditamos que isso tudo contribuiu pra um resultado bem satisfatório.
AC: O disco conta com participações de outras cantoras, como Liniker e Maria Gadu, além de ter Gustavo Ruiz na produção. Como foi esse intercâmbio de influencias artísticas?
Sapulha: A gente tem uma sensação em comum: Liniker e Gadu completaram as músicas de uma maneira que a gente queria e só percebeu quando gravadas. Nos deu a sensação que, sem elas, essas músicas ficaram incompletas. Já o Gustavo Ruiz conseguiu sintetizar todas as emoções que gostaríamos de passar no disco em forma de arranjo. Foi o casamento perfeito
AC: Desde o primeiro disco de vocês (Daqui Pra Lá, 2014), até o projeto mais recente, vocês realizaram inúmeros shows, tiveram outras diversas vivências, certo? Para vocês, o que mudou enquanto artistas e no som que fazem do primeiro álbum até “A última palavra feche a porta”?
Sapulha: O último trabalho é o nosso amadurecimento pessoal e profissional impresso em forma de música. Ele é consequência de todas as vivências que tivemos nesse intervalo de um disco para o outro, período que passamos por experiências incríveis.
AC: Vocês fazem parte do selo Slap, um trabalho que vem apoiando bastante a produção nacional. Como vocês observam o cenário atual de música do país?
Sapulha: Estamos em uma época prolífica, rica.
Ficamos bem satisfeitos de fazer parte dessa safra da nossa música. Há uma cena se movimentando, ótimas bandas de todas as regiões do país. Dá pra entender que isso tá acontecendo quando vemos bandas de lugares que antes não apareciam. É um momento muito democrático pra música e temos que aproveitar isso. O público também já tá reconhecendo essa atividade e tá respondendo com presença em shows e coisas do tipo.

Foto: Luz Vermelha
AC: Além de participar do programa “Superstar” da Rede Globo, vocês já foram indicados a uma ampla lista de prêmios, ganhando grande parte deles. Qual a importância desse tipo de incentivo enquanto experiência e reconhecimento, para a música que vocês fazem e também para movimentar essa leva de artistas?
Sapulha: É importante em várias direções. Desde a motivação que injeta na banda até o nosso nome passeando por aí através desses prêmios. Incentiva muitas bandas a melhorar o trabalho também. A gente sempre gosta bastante de participar de toda e qualquer coisa que ajude no crescimento dos artistas.
Ouça a faixa “Quem sou?”, presente no último disco da banda: