*Por Talita Guimarães
Termino de ler Trinta e poucos com a certeza de que acabara uma das melhores leituras de 2017. Não por parâmetros de crítica literária e coisa e tal, que não sou disso – sequer estou apta a tanto -, mas de experiência de leitura mesmo. Aquilo que nos dá quando algo nos toca profundamente. E a certeza seguinte é que estou apaixonada pela escrita do Antonio Prata. Veja bem, não pelo autor, pessoa como eu ou você que pessoalmente deve ser ótima gente, porém decepcionantemente normal.

Arte: Talita Guimarães
O sentimento que me toma é o de completo interesse afetivo pelas histórias, personagens e sobretudo forma de abordá-las do Antonio. Não é novidade que o sujeito é uma das nossas melhores vozes na crônica atual. Jovem, o paulista de 39 anos, transborda em seus textos experiências absolutamente corriqueiras com sensibilidade e bom humor desconcertantes de boas. Com uma mistura refinada de perspicácia e humildade para admitir o próprio senso de ridículo diante de umas tantas situações da vida de pai, torcedor, roteirista, homem, Prata me inspira desde Nu, de botas (2013) e umas tantas crônicas esparsas lidas clandestinamente graças as reproduções não-autorizadas de sua coluna na Folha de São Paulo por alguns sites suspeitos.
Com seu Trinta e poucos, o sucesso comigo alcança novo nível, pois todas – preste atenção! – TODAS as crônicas conquistam meu sorriso. E na última me arranca lágrimas plena manhã de sexta-feira em um expresso ,metropolitano rumo ao trabalho.
Embalada pela leitura, meu modo cronista é ativado me fazendo escrever sete (oito com esta!) crônicas em três dias, garantindo à esta coluna dois meses de textos e me deixando maravilhada com a experiência de atravessamento e transbordamento que seu livro me traz.
Abraçada ao exemplar pelo trajeto que me sobra, penso neste texto e somente um título provisório me vem, embora o sentimento permaneça – e seja conclusivo: Obrigada, Antonio Prata!
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