*Por Talita Guimarães
A cidade é como um poema vivo. Todos os dias nos lança versos novos.
Gosto especialmente do sol das cinco da tarde, que desce de um jeito sob nós que faz toda superfície ao seu toque brilhar. A hora inteira me agrada, enquanto o astro rei se precipita contra o chão ou faz a gente que mora em ilha pensar que mergulha no mar.

Arte: Talita Guimarães
É sábado, fim de tarde e a cidade que se desenha tem silêncios e cores de paz. Viajo à janela do ônibus permitindo-me conhecer a São Luís que não se mostra pra mim ao longo da semana. Ou a que não vejo, posto que meus olhos dos outros dias são destreinados para as particularidades do sábado. Nós todos, poemas vivos. Cada dia, uma página preenchida de novos afetos e estrofes.
É assim que lamento ver meu ipê preferido da Praia Grande com galhos ao chão. Amanhã o sol não os farão brilhar quando o entardecer se precipitar. Assim como tantas outras superfícies já não estarão no mesmo lugar quando o sol retornar. Algumas já não estarão quando ele se for. Melancolia.
Vida que segue com o ônibus, aprecio o casal de turistas solitários, explorando uma praça deserta. Só então noto que o canteiro central em frente ao Mercado do Peixe, no Desterro, é inclinado e que as raízes das árvores escorrem por ele à mostra. Lá no horizonte, no alto, paredões de casarões da Rua de São Pantaleão brilham ao sol enquanto outros, de lado, ganham um sombra confortante, que me remete a qualquer coisa da infância que não sei o nome. Mas é bom.
Paro de observar para tomar notas no celular a fim de não esquecer o passeio, que revisito em mente lembrando ainda do ipê florido recém-descoberto no retorno do Anel Viário, o ônibus fazendo a volta em câmera lenta quase que pedindo pra gente apreciar a São Luís primaveril do final de outubro e a velha história das pétalas que caem lá para novas surgirem aqui, nos cantinhos insuspeitos da São Luís de sábado que vem morar em mim.
Lindo!! Sensivel e doce como vc. Te amo. Bjs.
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