*Por Talita Guimarães
Em São Paulo, as pessoas estão sempre apressadas. “O tempo daqui não é real. O tempo que a gente vive aqui é acelerado. Não é real e passa a ser, né?”, me alerta Paula Mirhan. Basta caminhar pela cidade para perceber.
No metrô, me chama a atenção o corredor das esteiras. Metáfora absolutamente apropriada para o fluxo contínuo em que vive a cidade. Pessoas indo e vindo de todos os sentidos e direções, em velocidades diferentes. Até as que parecem estar paradas, movem-se. “Eu não vou, vão me levando”, já teria cantado Bruna Caram.
Na esteira que me leva, posso escolher continuar andando. Peça que a cidade prega no tempo. Ou deixar que me leve. E estarei ainda em movimento.
Soa insano quem corre na esteira. Ostentando o impulso na velocidade.
Escolho parar e contemplar a cidade subterrânea, enquanto a esteira me leva de uma ponta a outra do corredor. Na esteira seguinte, cedo à tentação de dar alguns passos e não é que a sensação é estranhamente legal, essa de sentir que vai chegar mais rápido graças a uma mãozinha da cidade que não desacelera?
Interessante e controversa, São Paulo me fisga pela a intensidade com que é viva.
O tempo irreal te engolfa rápido. Te coloca no ritmo. Apressa-te para que chegues ao teu destino. Resta torcer para não ter ficado pelo caminho o prazer de estar a caminho.