* Por Meiri Farias
Meu dia voa e ela não acorda Não sei para que fui cantar para você a essa hora O tempo rodou num instante nas voltas do meu coração Sentou pra descansar como se fosse um pássaro Todo dia ela faz tudo sempre igual Arrasa o meu projeto de vida Deixe em paz meu coração Para sempre é sempre por um triz Agora eu era o herói Vou na estrada há muitos anos, sou um artista brasileiro
Foi tão tão difícil escrever esse texto. Quando se fala do “moço” de olhos verde (ou seriam azuis?) qualquer palavra se torna mera expressão da banalidade. Porque ele já disse tudo que se fazia necessário e agora me basta contemplar a “absurdidade” de sua obra que mais parece um mergulho inquieto na profundidade de todos os mistérios humanos. Um mergulho de passo tímido, mas imersão completa. E absoluta.
O olhar mais intenso desse país completa 71 primaveras no outono que se despede. Se esses olhos entendem as mulheres como se espalha por aí, eu não posso afirmar ou acatar generalização. O que sei é que esses olhos falam. Em sua poética sonora ou impressa, os olhos azuis (verdes?) do Chico Buarque cantam o amor, a crônica, a política, ou a memória como demonstrou em seu último livro, Irmão Alemão (2014) onde faz uma espécie de autobiografia ficcional. E apesar da sua melodia morar constantemente na minha memória, ouso dizer (e que ousadia!) que ainda prefiro o Chico escritor ao músico. Sua falta de linearidade é lógica e intrigante e suscita a sensação de que a história mora no caos da minha própria mente não cronológica. Porque Costa, Benjamin, Eulálio, Ariela e todos os outros continuam cantando rodas vivas, rosas, pequenas, construções e cotidianos. Por meio daquele olho verdeazul que ousa ecoar mesmo quando não emite nenhum som.
Roda Viva
Tipo um Baião
Paratodos
Construção
Cotidiano
Essa Pequena
João e Maria
Gota d’água
Beatriz
A rosa
*A lista não busca representar importância, cronologia ou o valor da obra do artista, seria inútil ousar fazer isso em dez canções. O que vocês escutam a seguir é relação da músicas favoritas (difícil!) das ousadas irmãs Farias. Quais são as de vocês?
**Seria mais pertinente focar na obra literária do Chico, mas ainda precisamos de um pouquinho mais de ousadia para mergulhar nesse mistério. Um passo de cada vez
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Parabéns ao eterno mestre Chico Buarque! Vamos “buarquear”?
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