* Meiri Farias
O título da canção diz que é Turquesa, mas escuto em tons de laranja. Caio Nunez faz música de forma colorida e a primeira percepção que se tem do trabalho do carioca de 22 anos é ensolarada.
“Akinauê” surge como uma onomatopeia, tradução da euforia e liberdade de Caio na criação de seu EP, essas sensações nortearam o trabalho e definiram o conceito do mesmo. As cinco canções que compõe disco carregam múltiplas referências, sem se amordaçar em rótulos. Caio estudou violão erudito e destaca Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gonzagão, Alceu, Chico Science e Buarque como influências.
Conheça o trabalho de Caio:
Armazém de Cultura: O que é “Akinauê”?
Caio Nunez: O nome “Akinauê” surgiu no momento em que eu estava compondo uma das musicas do disco chamada ‘Floreia’ . Na minha tentativa de criar uma linha melódica no final, “Akinauê’ surgiu automaticamente como uma onomatopeia daquele meu momento de total euforia e apesar de não possuir um significado literal, essa palavra representou perfeitamente a alegria que eu estava naquele momento e como essa sensação era o motivo crucial pra fazer o disco, acabei escolhendo para batizá-lo.
AC: As músicas do EP são solares, “coloridas”. No release a descrição fala sobre o conceito de euforia e liberdade, poderia comentar um pouco sobre como essas sensações se manifestam no Akinauê?
Caio: Quando decidi gravar o EP , a sensação de liberdade já me veio como ponto inicial para o conceito do disco. Liberdade no sentido criativo, de deixar a escrita e a música fluírem sem nenhum tipo de aresta, o que foi uma espécie de desafio para saber onde cada canção poderia chegar e isso foi extremamente empolgante. Quando eu e o produtor do disco Thiago Miguel levamos esse conceito para dentro do estúdio, pois foi exatamente essa liberdade que me provocou a euforia.
E o que era pra ser apenas o estado de espírito do processo acabou virando tema também, e eu acabei explorando esse conceito em cada canção do EP.
Ouça “Turquesa”:
AC: Todas as composições do EP são suas, certo? Como é esse processo para você? Tanto na definição das temáticas, quanto na sonoridade das canções?
Caio: Sim, são todas composições minhas. Esse processo funciona em mim como um vício. Geralmente estou 24 horas do dia pensando em música e em como as coisas que acontecem ao meu redor podem virar música e eu falo 24 horas, porque escrevo sobre coisas que surgem em sonhos também. Porém esse processo não possui nenhum método específico.
As temáticas variam de acordo com o que afeta minhas percepções e as sonoridades surgem como uma mistura das minhas influências com o que minha intuição aponta.
AC: Você já estudou violão erudito, certo? Como foi sua descoberta com a música?
Caio: Sim, estudei. Esse aprendizado é uma base enorme para o que faço hoje, mesmo eu preferindo trilhar outros caminhos. Minha descoberta com a música veio com a admiração que eu tinha tanto pelas composições do meu pai quanto pelos compositores que ele me mostrava. Eu era fascinado por essa magia de unir escrita com música e isso se tornou um anseio por muito tempo até que aos 14 anos comecei a escrever as minhas próprias músicas. Mais tarde, no ensino médio formei uma banda com amigos da escola e tocava essas musicas que eu escrevia. Depois de um tempo a banda acabou e eu continuei fazendo música, até que 2014 senti uma necessidade de expor o que eu estava criando e daí nasceu o disco.
AC: Que artistas e trabalhos mais te influenciaram? No site, cita Hélio Oiticica e Graciliano Ramos, em que medida esses artistas de outras linguagens também influenciam seu trabalho?
Caio: Diversos artistas me influenciaram, destaco Gil, Caetano, Alceu, Chico Science e Buarque e Gonzagão pois eram os que eu mais assimilava dos discos dos meus pais.
Muitos artistas de outras esferas da arte me influenciam também. No caso de Hélio Oiticica é pelo intuito e discurso dele quando se trata de ser artista. Ser extremamente experimental e livre pra produzir sua arte, já Graciliano é meu escritor favorito desde a pré adolescência e o jeito que ele se relaciona com as palavras, narrativa e seus temas regionais são uma enorme influência pra mim.
AC: O que tem escutado no cenário atual e indicaria para quem gostou do seu trabalho?
Caio: Tenho escutado muita coisa boa do cenário atual. A cena musica brasileira produz muitos artistas talentosos tanto na quantidade quanto na qualidade. Indico Leo Middea, Isa Tatagiba, João Azevedo, Átila Bezerra e Zuza Zapata pois são os que mais tenho escutado atualmente.
AC: Quais são os planos daqui para frente? Tem previsão para tocar em São Paulo?
Caio: Pretendo continuar fazendo com que meu disco alcance maiores horizontes. Faço show de lançamento no RJ dia 27 de junho e no segundo semestre pretendo levar o show do “Akinauê’ para São Paulo.
Ouça “Floreia”: