* Por Beatriz Farias com colaboração de Meiri Farias
Essa lista é uma parceria entre paulistas, no caso Meiri Farias escolheu as músicas e cá estou eu entrando na brincadeira. O objetivo é se afogar na cidade da garoa (ouvi dizer que hoje chove) desvendando porque com todo esse mar de poluição alguma coisa ainda acontece no nosso coração.
Todo paulista é meio turista na cidade de nascença, e desse jeitão cidade grande de ser, se observa o interior de cada um ora marginal pinheiros ora parque do Ibirapuera camuflado de confusão, aglomerada a solidão de quem não lembra porque partiu pra comemorar ontem a noite sozinha na padoca, enquanto o país todo de férias. São Paulo é um buque com aroma de café, cuidado com o doce: aqui o negócio fica amargo.
O morador dessa casa de estranhos até pega uma estrada mas volta no fim do dia já que de todos os céus tão limpos aqui conhecemos a face oculta (fumarenta) da lua. Na cidade dos barulhos, monossílaba é a informação que a elegância discreta de tuas meninas sempre correndo a se adaptar oferece, e dessa forma torta como a poesia concreta das tuas esquinas, recebe todos os dias milhares de pessoas vindas do mundo todo, que apesar de jurarem não existir amor em SP, uma vez que chegam dificilmente se esquecem.
Desse jeito São Paulo merecia uma seleção de canções que homenageasse essa precisão de quem chega ou já é da casa de dançar conforme a música sempre desse nosso jeito desajeitado de cantar fora do tom, de viver apressando o ritmo.
* Te desafio a encontrar as músicas no texto. E na cidade
*O texto faz livre uso das letras das músicas abaixo
Made in China – Edu Sereno
Insônia – Pitanga em Pé de Amora
São são Paulo – Tom Zé
Sampa – Caetano Veloso
Muro muro Morumbi – Filarmônica de Pasárgada
As vezes – Tulipa Ruiz
Não existe amor em SP – Criolo
Trovoa – Mauricio Pereira
Uni duni tê – Dois Tempos de um Lugar
No escuro – Trupe chá de Boldo
Samba do Arnesto – Adoniram Barbosa
Sampa Midnight – Itamar Assumpção
Bônus: As duas músicas a seguir não citam São Paulo, nem falam da cidade diretamente. Mas vai dizer que não é a cara de Sampa?
Desprendimento – Vinicius Calderoni
Dois cafés – Tulipa Ruiz
Armazém de Cultura 