*Por Beatriz Farias
Tudo bem, admito. Meu gosto por livros envolve figuras. Envolve quadrinhos e o mágico mundo das cores. Tive uma infância regada a Turma da Mônica já que outros tipos de histórias infantis me assustavam (passei longe de Branca de Neve, Cinderela e Bela Adormecida, que já me fez suar frio), então quando percebi que existia muito mais à dentuça e o quatro fios o alivio foi notório ao número de quadrinhos que minha estante suporta hoje. Escolhi falar de um amor bem recente, que muito tem me feito suspirar e (sério, eu vou falar essa frase de novo) entender o amor pelas coisas simples.
Bear é o nome da obra criada por Bianca Pinheiro (que tem um talento capaz de fazer coisas diferentíssimas, tudo lindo), o livro com medidas anormais nos dá a sensação de coisa que a mamãe lia quando criança, e a inocência passada pela personagem é algo semelhante a isso. Veja bem, não tenho transtornos psiquiátricos (não descoberto), gosto sim de coisas de mocinha da minha idade e algo mal resolvido com a infância, mas quando achei essa belezura na Bienal não fui capaz de permanecer cética. O livro que tem conteúdo suficiente para se envolver com a história, é pequeno o bastante para a leitura de algumas horas, e tem o fim com um gostinho de quero mais (MUITO MAIS) não esperado para desenhos.

Imagem: Página Bear
Outra diferença é o tipo de mensagem que o livro deixa: O clichê passou longe, e é tao capaz que você, meu senhor, se apaixone por Raven tanto como seu filho recém nascido por Dimas, o urso. Por falar nisso, é perceptível a tentativa de se aproximar da vida real. Seja pelos diálogos informais ou o caráter incomum adotado por eles, o Urso é carrancudo mas não consegue não ajudar. Te lembra alguém? Sim! Isso mesmo leitor atento. Aquele momento em que o ônibus lotado, sua bolsa pesada, é 7h da madrugada e uma senhora se aproxima. Seus olhos ameaçam fechar mas o senso de humanidade avança, e você, mesmo de mal humor levanta (você levanta, eu espero).
Divagações a parte, o livro conta a história da garotinha que perdeu os pais e não sabe o caminho de volta pra casa. Por sorte se depara com um urso que resolve ajudar, e assim partem por cenários diversos que enchem nossos olhos, com o traço riquíssimo. Como que para te convencer de pegar esse livro agora, eu conto que na história há uma capivara bar tender, um príncipe narcisista e pessoas com cabelos coloridos (na história ficou ainda mais legal, juro). Se há metáforas, fica para cada um avaliar como isso cabe em sua vida.
O que eu percebo, é mais uma vez a qualidade com que se tem feito coisas por aqui e como é inspirador a verdade que a gente pode passar pela arte, da forma como for.

Imagem: Página Bear
*Beatriz Farias não é formada, não tem curso superior nem vergonha de escrever em terceira pessoa fingindo que não é ela. Gosta de gostar das coisas e são dessas coisas que ela fala aqui.