Mulheres fortes, conflitos internos entre o bem e o mal. A indústria tem mudado seu foco e trazendo resultados interessantes
Por Meiri Farias
Muito tem se falado sobre os filmes recentes da Disney que estão quebrando estereótipos clássicos e dispensando finais previsíveis. Em tempos onde o politicamente correto impera, nada mais importante do que encontrar saídas criativas para as produções, sem perder a magia dos contos de fadas.
Malévola é o último lançamento dessa safra e vem gerando discussões sobre feminismo e a dicotomia entre o bem e o mal, cada vez mais diluídos e indistintos em personagens complexos que podem errar sem perder protagonismo.
Entre erros e acertos, Malévola vem sendo comparado a outras produções da casa como Frozen, lançado em janeiro e ganhou Oscar de melhor animação e canção original, além de dezenas de outros prêmios, conquistando o público e a crítica, mostrando que animação também é filme para gente grande.
Mas qual das duas produções representa melhor este momento da indústria do cinema? Vamos comparar:
Animação x atores de “verdade”
Era de se esperar que os atores “reais” levassem a melhor nessa categoria pela capacidade de expressar emoções fisicamente. Não é o caso. O rosto estático da Angelina Jolie não nos deixa saber se Malévola está na fase boazinha ou vilã. Problema que não acontece em Fronzen. A animação é cuidadosa em cada detalhe. Expressões faciais se alteram de forma sutil e natural. Diferente de várias animações (inclusive da Disney), a forma de andar e os movimentos são próximos ao dos humanos e não mecanizados.
Frozen 1 x 0 Malévola
A forma que a mulher é retratada
Mesmo em situações típicas de mocinhas sofredoras, tanto Malévola quanto Anna e Elsa encaram seus conflitos com personalidade.
Frozen 1 x 1 Malévola
Coadjuvantes
Os coadjuvantes de Frozen são engraçados e bem aproveitados. Olaf, o boneco de neve Kristoff e até mesmo o príncipe Hans, tem personalidade própria e não apenas complementos para os protagonistas. Em Malévola as fadas não cumprem esse papel, A tentativa de ser alívio cômico resulta em personagens caricatos que não despertam simpatia. A princesa Aurora também não convence com sua ingenuidade forçada.
Frozen 1 x 0 Malévola
Solidão e isolamento
Ambos os filmes lidam com o tema de forma sensível. A cena em que Stefan corta as asas de Malévola é realmente tocante. A metáfora com a liberdade é palpável. No caso de Frozen a situação se divide. Enquanto a solidão de Anna na primeira fase diverte e comove, o isolamento voluntário de Elsa não inspira compaixão.
Frozen 0 x 1 Malévola
Repúdio ao diferente e poder descontrolado
Malévola é perseguida por sua aparência e Elsa pelo poder de congelar. Ambas são confrontadas por suas capacidades e dificuldade de controlá-las.
Frozen 1 x 1 Malévola
Efeitos especiais
Harry Potter já usou todo o estoque permitido de raio verde… Em Frozen o poder de Elsa aparece de forma gradual. Mais uma vez, ganha pela sutileza.
Frozen 1 x 0 Malévola
Ato de amor verdadeiro
Nós dois casos o climax não envolve um enredo tradicional, nada de príncipes. O amor verdadeiros se dá pela relação de Elsa e Anna e pela relação quase materna de Malévola e Aurora.
Frozen 1 x 1 Malévola
Resultado Final: Frozen 6 x 4 Malévola
Malévola acerta na proposta de desmistificar os conceitos de bem e mal, mas há um longo caminho para acertar esse tipo de enredo. Enquanto isso, Frozen convence como uma animação muitíssimo bem produzida e agradável de ver.
O que achou do resultado? Você discorda? Comente!
Embora Frozen seja uma produção de qualidade, tem um enredo cansativo. Não posso concordar com seu resultado, quando lembro dos momentos de “cantoria” sem fim. O personagem secundário Olaf rouba a cena, tornando-se o personagem mais carismático. Percebi que as crianças dentro do cinema, conversavam muito, ou seja, nem para os pequeninos a Aventura Congelante chamou a atenção. O filme fica bom, empolgante quando falta 15 minutos para o fim. Sai do cinema decepcionada e ouvindo uma criança de 11 anos dizer “foi só isso para tanta propaganda?”
Enquanto Malévola é fulminante, surpreendente, apaixonante!!!! Não tem clichês, mostra o embate maniqueísta entre o bem e o mal. Faz uma crítica sobre a autoridade e os malefícios causados por ela. Surpreende pela magia e inteligência com que realiza a releitura do sem sal e sem açúcar conto da Bela Adormecida. Resultado: cinema cheio e respiração suspensa. Simplesmente apaixonante!
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Eu acho o contrário! haha, penso que o enredo de Malévola é ótimo e mal aproveitado. Fiquei bem frustrada. Frozen me deixou encantada, nem sempre pelo enredo, mas principalmente pelo cuidado gráfico, com o movimento, a questão da animação mesmo. Mas obrigada pelo comentário! A discussão é sempre enriquecedora.
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